O Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) venceu o Prêmio Sementes 2009 promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), através do Programa para o Desenvolvimento (PNUD) e da Agência de Meio Ambiente (PNUMA). O anúncio foi feito na semana passada, na sede da ONU em Nova York.
Além do P1MC, outros dois projetos brasileiros foram premiados: Uso Sustentável de Sementes Amazônicas e o Projeto Piabas do Rio Negro. O Prêmio Sementes é concedido a projetos desenvolvidos em países em desenvolvimento, frutos de parceria entre ONGs (organizações não governamentais), comunidades e governos.
Foram premiados 20 projetos de países da América do Sul, América Central, África e Ásia. Esta edição contou com mais de 1.100 projetos inscritos de 100 países. Os vencedores foram selecionados por um júri internacional de especialistas em desenvolvimento sustentável.
"Nós ficamos muito felizes com esse prêmio conquistado pela ASA", disse o presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Renato S. Maluf. "A ASA é uma parceira de primeira hora do Consea e o Programa Um Milhão de Cisternas é um belo projeto, uma iniciativa das mais inovadoras e exitosas que já vimos no Brasil nos últimos tempos", concluiu.
Para Naidison Baptista, coordenador da ASA e conselheiro do Consea, o prêmio representa o reconhecimento público da transformação que o P1MC traz para as famílias do semiárido. "Além do significado concreto do que são as cisternas para as pessoas, da mudança de vida, da água, da qualidade de vida, da saúde, quando a gente trabalha a perspectiva das políticas públicas, é importante que haja um significado público para a população, para a nação, inclusive, um significado internacional. Porque são essas projeções que ajudam a construir a política", afirma Naidison. "E se a ONU reconhece isso, significa dizer ao Brasil, às empresas e ao governo brasileiro que esse é um programa que merece ser continuado, aprofundado e ampliado", complementa.
O P1MC já construiu cercade 300 mil cisternas, armazenando milhões e milhões de litros de água destinada para consumo humano. Em termos de saúde, a cisterna diminui, comprovadamente, o número de doenças, principalmente, de verminoses, que atingem mais as crianças. As famílias beneficiadas também passam a ter mais tempo para se dedicar a outras atividades, com destaque para a mulher que, na maioria das vezes, fica com a responsabilidade de abastecer a família desse recurso.
Crispim Moreira, Secretário Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) também diz que o prêmio significa não só um reconhecimento, mas também a possibilidade de a idéia ser multiplicada para além-fronteiras nacionais. "Isso sinaliza que estamos no caminho certo e também demonstra a potência que é a cooperação do governo brasileiro com a ASA para socializar nossa experiência com países que também têm o mesmo problema das famílias do semiárido, que é a dificuldade no acesso à água de qualidade para o consumo", afirmou.
Ainda segundo Crispim Moreira, "o prêmio consagra ainda essa cooperação governo-sociedade civil, transformando ações concretas e metodologias dos saberes produzidos nas organizações dos movimentos sociais em políticas públicas".
Outras conquistas - O P1MC também conquistou outros prêmios importantes, como o Prêmio Josué de Castro de Boas Práticas em Gestão de Projetos de Segurança Alimentar e Nutricional, na categoria Sociedade Civil, em 2008; o Prêmio ANA 2006, da Agência Nacional de Águas, na categoria Uso Racional de Recursos Hídricos; e o Prêmio ODM 2005, organizado pelo Governo Federal, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD Brasil) e Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade.
Fonte: Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea)